eu de boba

eu de boba

Bem Vindo!!!!

Holá...a todos que já passaram por aqui, a todos q váo passar.



Holá...aos que nunca passaráo, aos que isso aqui pouco ou nada vai interessar...



Holá aos bisbilhoteiros, aos fofqueiros, aos encrequeiros, aos amantes, aos desamantes, aos amados e desamados, aos que cantam ao sol, aos que brindam a lua, aos que acreditam em Deus, aos q acreditam no Ser Superior, aos que ñ acreditam em nada além do que seus olhos vêem.



Holá...aos que conheceram a dor, o desamor, a cura, o amor, Holá...aos q me conhecem e aos q háo de conhecer (nem que seja só por aqui)



Holá...a nós, a todos nós, pq sorrir e dizer Bem vindo nunca é demais...eu digo tudo e ainda, te dou um abraço...seja bem vindo e bem vinda, entrem, sentem-se, tirem os sapatos, sentem-se confortavelmente e preparem-se!!!



A viagem aqui tem volta...mas certamente vc voltará mudado...isso prometo eu!!!

Luciana Santos.


domingo, 2 de dezembro de 2007

Um casinho, para parar e pensar...

Entrei apressado e com muita fome no restaurante. Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, pois queria aproveitar os poucos minutos de que dispunha naquele dia atribulado para comer e consertar alguns bugs de programação de um sistema que estava desenvolvendo, além de planejar minha viagem de férias, que há tempos não sei o que são. Pedi um filé de salmão com alcaparras na manteiga,uma salada e um suco de laranja, pois afinal de contas fome é fome, mas regime é regime, né?
Abri meu notebook e levei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
-Tio, dá um trocado?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, compro um para você.
Para variar, minha caixa de entrada estava lotada de e-mails. Fico distraído vendo poesias, as formatações lindas, dando risadas com as piadas malucas. Ah! Essa música me leva a Londres e a boas lembranças de tempos idos.
- Tio, pede para colocar margarina e queijo também?
Percebo que o menino tinha ficado ali.
- OK, mas depois me deixe trabalhar, pois estou muito ocupado, tá? Chega a minha refeição e junto com ela o meu constrangimento. Faço o pedido do menino, e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto ir. Meus resquícios de consciência me impedem de dizer. Digo que está tudo bem.
- Deixe-o ficar. Traga o pão e mais uma refeição decente para ele.
Então o menino se sentou à minha frente e perguntou:
- Tio, o que está fazendo?
- Estou lendo uns e-mails.
- O que são e-mails?
- São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via Internet.
Sabia que ele não iria entender nada, mas a título de livrar-me de maiores questionários disse:
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Tio, você tem Internet?
- Tenho sim, é essencial no mundo de hoje.
- O que é Internet, tio?
- É um local no computador onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual, tio?
Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na certeza que ele pouco vai entender e vai me liberar para comer minha refeição, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos pegar, tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
- Legal isso. Gostei!
- Mocinho, você entendeu o que é virtual?
- Sim, tio, eu também vivo neste mundo virtual.
- Você tem computador?
- Não, mas meu mundo também é desse jeito... Virtual. Minha mãe fica todo dia fora, só chega muito tarde, quase não a vejo. Eu fico cuidando do meu irmão pequeno que vive chorando de fome, e eu dou água para ele pensar que é sopa. Minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas eu não entendo, pois ela sempre volta com o corpo. Meu pai está na cadeia há muito tempo. Mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida muitos brinquedos de Natal, e eu indo ao colégio para virar médico um dia. Isto não é virtual, tio?
Fechei meu notebook, não antes que as lágrimas caíssem sobre o teclado. Esperei que o menino terminasse de literalmente 'devorar' o prato dele, paguei a conta e dei o troco para o garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que eu já recebi na vida, e com um 'Brigado tio, você é legal!'. Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel rodeia de verdade, e fazemos de conta que não percebemos!
Hj, foi um dia particularmente triste... trabalho com meninas em situação de vulnerabilidade, uma (P.F. 15 anos, gravída) me disse hoje que vai jogar o filho para Iemanjá, pq foi assim que a mãe fez com ela, pq para ta no mundo sem ter pra quê viver é melhor morar no fundo mar... mesmo convivendo com adolescentes em risco a quase 10 anos, falas assim, ainda mexem muito comigo... melhor assim do q a indiferença eu sei... mais mesmo assim, ainda doí vê tanta injustiça....
Luciana Santos....

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